Por que, muitas vezes, mesmo sabedores do que precisa ser feito em prol da nossa evolução e da dos outros seres encarnados, não conseguimos colocar em prática os conhecimentos adquiridos desde os primórdios da humanidade para a prática do amor? A busca por essa resposta foi compartilhada no dia 24 de abril pelo professor e trabalhador voluntário espírita Reinaldo Pontes e pais e responsáveis por evangelizandos e por evangelizadores do Lar da Maria em reunião do Grupo Família da Evangelização Infantojuvenil. Reinaldo proferiu palestra sobre o tema “Conduta Espírita”.
“Esse é o nosso calcanhar de Aquiles”, afirmou o expositor, referindo-se à dicotomia entre saber e fazer, constatada, inclusive, nos apóstolos do Cristo, como verificado, por exemplo, com relação a Pedro e Judas. Assim também se observou com algumas pessoas que estavam com Allan Kardec nos primórdios da Doutrina Espírita. Esse desvirtuamento da conduta afetuosa, compromissada com o bem-estar e evolução dos espíritos, é notado até os dias atuais, apesar da contribuição dos emissários enviados por Deus para conscientizar os povos, como Francisco e Clara de Assis, Buda, Confúcio, Chico Xavier e Divaldo Franco.
Razão
Reinaldo lembrou Jesus no Evangelho ao afirmar que muito será cobrado a quem muito for dado, e nesse sentido, como espíritas, somos cristãos da Nova Era que trazem um arcabouço de conhecimentos de natureza científica, religiosa e filosófica, sem a noção dual de Céu e Inferno, mas uma Justiça Divina lógica, considerando o livre-arbítrio e o esquecimento do passado como ferramenta para progressão espiritual por meio da lei amorosa da reencarnação.
“A Doutrina Espírita é fundamentada no consentimento da razão; nada proíbe, mas expõe que tudo está vinculado à racionalidade, à moral. Não se pode proibir uma pessoa de sair sem máscara na pandemia, mas, sim, mostrar-se a ela o por quê de se proteger com a máscara”, destacou o palestrante.
Construção
A moral espírita indica o que deve ser feito, e não o que não se deve fazer. Nesse contexto, Jesus não condenou Pedro, Judas e a mulher adúltera, mas, sim, respeitou a liberdade dos espíritos. “O mundo moral é um mundo de escolhas”, observou Reinaldo Pontes. Para isso, o ser humano (espírito) deve se conhecer, como é exposto nas questões 918 e 919 de “O Livro dos Espíritos” nas quais são pontuadas ações de prática do bem e da iniciativa de se conhecer a si mesmo (Santo Agostinho expõe a técnica da autoavaliação ao final de cada dia). E esse autoconhecer-se é sugerido por psicoterapeutas atuais, orientando, inclusive, que as pessoas façam anotações sobre sua ações ao final do dia para reflexão.
“A bondade é uma construção, assim como se deu com os discípulos de Jesus; Pedro expôs mais fraqueza que maldade”, destacou Reinaldo Pontes. Reflexão antes e depois de agir contribui para que se possa avançar no aspecto moral intrinsicamente vinculado à razão.