“A pandemia da covid-19, por mais dolorosa e assustadora que possa se mostrar, é oportunidade de aprendizado”. Essa é a mensagem que Fernando Pereira, engenheiro civil e trabalhador voluntário do Centro Espírita Vinha de Luz, no bairro do Guamá, trouxe aos pais e responsáveis pelos evangelizandos e aos evangelizadores do Lar de Maria no sábado (10/04/2021). Em reunião online, Fernando apresentou o tema “Por que tanta gente boa partindo, meu Deus?”. Na ocasião, os participantes do evento puderam tirar dúvidas sobre aspectos da pandemia, desencarnação, leis naturais ou divinas e procedimentos a serem adotados à luz da Doutrina Espírita.
Essa temática, já exposta no próprio Vinha de Luz, como informou Fernando, surgiu a partir do questionamento feito por uma pessoa no centro espírita. Então, foi organizada e proferida a palestra, posteriormente compartilhada também no Lar. Como explicou Fernando, quando alguém chega com esse tipo de questionamento a uma outra pessoa, no caso, um espírita, o primeiro gesto a ser feito pela demandada é de acolhimento.
“Devemos ouvir essa pessoa, que se encontra em dor, em sofrimento pela perda de um familiar, de um amigo ou amiga; deixá-la extravasar seus sentimentos, se ela começar a reclamar de Deus, deixemos também. Somente depois, já essa pessoa estando mais calma, poderemos, então, abordar alguns aspectos da Doutrina Espírita que não somente irão consolá-la, mas esclarecê-la acerca da vida de todos nós, espíritos que somos, de passagem pela Terra”, observou o palestrante.
Divindade
O primeiro aspecto a se considerar para uma análise acerca do cenário pandêmico, como destacou Fernando Pereira, está logo na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”, na pergunta “Que é Deus?”, feita por Kardec aos espíritos. Eles, então, responderam tratar-se da “inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. Desse modo, tudo parte de Deus, as leis no universo são provenientes de uma inteligência sábia (comprovada pelo fato de que a todo efeito corresponde uma causa) e funcionam em nível macro e micro da realidade.
“As leis que regem as nossas relações como espíritos encarnados ou desencarnados são as leis morais criadas por Deus. Então, nada no mundo se apresenta fora dessa ordem moral, nada acontece por acaso, nada está fora de lugar. Tudo ocorre de uma forma organizada”, pontuou Fernando.
A partir de “O Livro dos Espíritos”, o palestrante observou que espírito e matéria são os elementos constituintes do Universo, da criação. A matéria sofre transformações como a água se transforma de sólido para líquido ou gasoso e uma árvore cresce, dá flores e frutos e, em seguida, morre. O corpo não difere disso. A cada noite, quando dormimos, “morremos” (o espírito se desliga temporariamente e não por completo do corpo físico). As células do corpo são substituídas a cada ano. O cabelo é cortado e renasce, e a pele vai sendo substituída.
Já o espírito passa por transformações de ordem moral, pois a cada reencarnação, desde que foi criado simples e ignorante, vai assimilando conhecimentos e evoluindo, encontrando soluções para os desafios na existência. A verdadeira casa do espírito não é a Terra, mas, sim, o mundo espiritual, e nessa jornada de aprendizagem, de evolução moral, tudo o que acontece é fruto da construção do próprio ser.
Esperança
Sobre o coronavírus, uma das possibilidades de surgimento dele é de que seria proveniente da floresta. E, como frisou Fernando Pereira, os seres humanos têm destruído florestas no planeta, e, assim, entra em contato com mutações novas de vírus. Entretanto, os flagelos acabam contribuindo para que a humanidade possa progredir mais depressa. “Antes eram necessários dez anos para se ter uma vacina; agora, em menos de um ano, pela primeira vez na história, se tem uma vacina em uma pandemia, como resultado de uma grande rede de pesquisas científicas no mundo”, salientou Fernando.
Acerca do princípio da reencarnação, o palestrante frisou que, em expressivo diálogo com Nicodemos, Jesus falou nesse processo ao se referir a “renascer da água e do espírito” – o corpo humano é constituído por três quartos de água.
Após a crucificação e “morte”, o Cristo apareceu aos apóstolos, ou seja, a matéria fenece, mas o espírito não morre.
A partir da reencarnação em um mundo de provas e expiações, o espírito desfruta da oportunidade de resgatar débitos do passado e avançar em sua jornada rumo à perfeição por meio da prática do bem, do amor ao próximo.
“Para se entender a desencarnação de uma pessoa, inclusive, um ente querido, temos de refletir sobre o ciclo da reencarnação dela, a possibilidade de reparar equívocos cometidos no passado e a misericórdia divina que nos dá a chance de sempre evoluir por meio da reencarnação”, afirmou Fernando Pereira. Ele ressaltou a importância da oração por todos os seres encarnados e desencarnados, cuidando da alma como também se cuida do corpo, vigiando nossos pensamentos, tendo leituras construtivas e agindo para o bem do próximo, como recomendou Jesus por meio da Parábola do Bom Samaritano.

Pais e responsáveis interagindo com o palestrante no Grupo Família da Evangelização Infantojuvenil
Fernando Pereira: “Aprendizado”